Novas práticas e tecnologias reduzem consumo de água no setor sucroalcooleiro
Do plantio ao processamento da cana, novas técnicas e pesquisas buscam tornar mais eficiente o uso da água; o Programa de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) tem apoiado e participado de grande parte dessas pesquisa.
A ampliação do uso de GPS no maquinário agrícola já contribui para evitar a compactação solo, cita o pesquisador. Durante o plantio e a colheita, as máquinas são guiadas com precisão para não invadirem as áreas das soqueiras, permanecendo em trilhas pré-determinadas. Com o solo menos compactado, o sistema radicular da planta pode se desenvolver melhor, aprofundar e extrair mais água e nutrientes do solo. “Isso permite que a planta acesse áreas mais profundas do solo, que tendem a manter a disponibilidade hídrica por mais tempo”, explica.
Usina autossuficiente em água
Em usinas como a Dedini Indústrias de Base, por exemplo, o processamento da cana para obtenção de açúcar e álcool utiliza parte da água extraída da planta em processos internos, tornando-a autossuficiente no insumo. Em alguns casos, cada tonelada de cana processada pode gerar um excedente utilizável de até 290 litros de água, calcula José Luiz Olivério, engenheiro mecânico de produção e consultor sênior da empresa. “Se a crise hídrica se aprofundar e ocorrer a ampliação do mercado de créditos de carbono, talvez essas unidades optem pela autossuficiência e até pela produção de excedentes de água. A tecnologia para isso já está disponível”, garante.
A Dedini lança mão de várias estratégias, como o aproveitamento de parte da água existente na própria cana, que é formada por 70% de água. Com o apoio do BIOEN, a empresa desenvolveu tecnologias para a recuperação e condensação de parte dos vapores do processo de produção de açúcar e álcool, reutilizados nos processos internos da usina. Em outra etapa da produção, substituiu o sistema de lavagem da cana pela limpeza à seco da cana e da palha por fluxo de ar, composto por uma série de esteiras que permitem a completa limpeza das impurezas.
Olivério destaca, ainda, a concentração parcial da vinhaça e a captação da água evaporada nesse processo. O produto resultante tem entre 60 e 65% de sólidos em seu teor, o que facilita seu uso como adubo, reduzindo, portanto, o número de viagens da adubação. “No caso das usinas certificadas pelo RenovaBio, isso pode até contribuir para gerar mais créditos de carbono (CBios)”, frisa.
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Fonte: BIOEN por noticiasagricolas.com.br